Investidores protestam

Antena de telemóveis nos Altares faz recear prejuízo no ecoturismo

Um casal estrangeiro envolvido num projecto de ecoturismo, na freguesia dos Altares, afirma-se "prisioneiro" de uma antena de captação e emissão de sinal para telemóveis, colocada a poucas dezenas de metros das suas propriedades. A Câmara de Angra nada pode fazer e uma das operadoras de telemóveis, a TMN, afirma não existirem riscos conhecidos. As antenas escolhidas são de emissão na horizontal, não podendo afectar quem se encontre abaixo do nível da emissão das ondas.


Josef Hasslberger e Susan Barcelos Hasslberger, um casal em que o marido é alemão e a esposa americana e cujos avós são naturais da freguesia dos Altares, estão "em guerra com a TMN", por causa da instalação de uma antena "muito perto das suas duas casas", nos Altares, onde pretendem descansar e iniciar um projecto de ecoturismo.

Segundo disseram à reportagem de DI, Josef e Susan adquiriram já duas casas na freguesia, onde estão a efectuar obras, sendo uma das residências inteiramente dedicada ao ecoturismo.

No acto da aquisição das casas "ainda não existia" a antena de recepção/transmissão para telemóveis, que tem uma estrutura de 55 metros de altura, mais uma casa para os equipamentos.

O casal coloca duas questões de base, que considera ser do seu interesse bem como de todos os altarenses e, em particular, dos seus vizinhos e que se trata dos "perigos para a saúde" e do que os prejudica, em particular, no que consideram como uma "quebra da paisagem" para o ecoturismo que estão a instalar na zona.

A antena é perigosa para a saúde?

Josef e Susan Hasslberger reclamaram junto da reportagem de DI, sobre os inconvenientes de ordem de "saúde e paisagem", considerando que o seu projecto foi "profundamente lesado" pela colocação da antena.

Em causa está a possibilidade, que o casal considera como certeza e que se relaciona com "os males da Rádio Frequência (RF)" que se propagará a partir da antena.

Aliás este casal utiliza em casa um dispositivo de protecção, contra a RF, adquirido na Itália, desde que a antena foi colocada em terreno vizinho, a escassas dezenas de metros das suas casas, nos Altares e considera-se "prisioneiro" das radiações", não só em "relação à sua saúde" como no que se refere ao negócio que estão tentando fazer prosperar nos Altares.

Antenas há muitas...

Ontem à tarde, em declarações ao DI, Camilo Moniz, administrador da TMN, disse que a antena existente na freguesia dos Altares, projecta o sinal de rádio horizontalmente.

Por outro lado e no que se refere ao aspecto da saúde pública, referiu "ter havido o cuidado" de colocar o mesmo tipo de antenas em todos os Açores, sendo que existem cerca de meia dúzia de GSM's a cobrir a cidade de Angra do Heroísmo e cerca de doze em Ponta Delgada, para além das restantes colocadas em locais estratégicos de todas as ilhas.
Por outro lado existe uma autoridade europeia e nacional que emite os regulamentos sobre as radiações no espectro utilizado por este tipo de antenas e "A TMN faz por cumpri-las", disse ao DI, Camilo Moniz.

Ecoturismo

O casal Hasslberger está há cerca de dois anos a desenvolver, em três casas, para já, um projecto de ecoturismo que pretende trazer, em especial, cidadãos italianos e alemães, para a ilha Terceira.
A experiência realizada com a primeira casa, que utilizam actualmente como residência, quando se encontram na ilha Terceira, "teve grande sucesso".
E explicam: "Neste tipo de turismo, apenas alugamos os espaços para as pessoas dormirem, confeccionarem as suas refeições e vastos espaços arranjados, floridos e com bonitas paisagens para os turistas passearem".
O ecoturismo vive destes elementos, sendo que os turistas deste sector, são totalmente autónomos no que se refere às suas refeições, e outras necessidades básicas, recebendo de aluguer, apenas um local para residir durante o tempo que pretenderem.

Parecer da Câmara "não é vinculativo"

Em declarações ao DI, Luís Mendes, vereador da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo (CMAH), afirmou que para a colocação da antena da TMN naquele local foi passado o Alvará de licença, pela edilidade angrense, a 18 de Setembro de 2000.
Porém, Luís Mendes afirma que a CMAH, "não poderia sequer negar" esse Alvará, visto que bastaria à TMN recorrer ao seu estatuto de "concessão de serviço público", para transformar qualquer recusa da Câmara em "parecer não vinculativo".
Esse é um direito concedido aos diversos operadores de telemóveis e, por outro lado, o local onde se encontra instalada a estrutura da TMN foi um dos vários sítios aceites pela Junta de Freguesia dos Altares.
Finalmente, a edilidade angrense considera que também "em termos paisagísticos, a antena em questão" não constitui um elemento negativo e terá de ser colocada em qualquer sítio, de preferência nos mais elevados.